Para a Sra. Monica, todo o ser humano tem o direito a vida saudável
Enquanto mais de 50 países celebram o Dia Mundial da Prematuridade, 17 de Novembro com o objectivo de se levar a consciencialização sobre o parto prematuro e reflectir sobre estratégias para reduzir a taxa de prematuridade, garantir que melhores cuidados sejam oferecidos aos bebés e suas famílias, na província de Cabo Delgado afectada pela situação de insegurança, uma profissional de saúde com mais de 17 anos de carreira, luta para salvar a vida das suas parturientes e reduzir mortes de bebés causadas pela prematuridade.
Apesar de este ano, o Dia Mundial da Prematuridade assinala-se sob lema: “Separação zero: Aja agora! Mantenha pais e bebés prematuros juntos” destacado a importância do contacto dos recém-nascidos com os pais e mães logo após o nascimento, especialmente para aqueles prematuros e ou com baixo peso ao nascer. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), Moçambique está na lista dos 10 países, com as taxas mais elevadas de nascimento prematuro com 16.4 por 100 nascidos vivos.
No âmbito do programa de resposta de emergência da OMS, que tem como objectivo minimizar os impactos negativos da crise humanitária na província. A OMS em parceria com a Direção Provincial de Saúde (DPS) – Cabo Delgado, realizou várias formações de refrescamento sobre as intervenções essenciais dos Cuidados Pré-Natais (CPN) e cuidados durante o parto e o nascimento a provedores de Saúde de serviços de saúde materna, neonatal e infantil em distritos que apresentam números elevados de população deslocada.
Monica Tobias Victor de 40 anos de idade, enfermeira parteira, declarou ter beneficiado das formações acima citadas. Esta profissional de saúde que exerce na unidade sanitária nos arredores da Cidade de Pemba – Centro de Saúde Eduardo Mondlane - diz que o que lhe inspira a fazer o trabalho é o facto de que ela tem a possibilidade de salvar vidas. “É muito importante para mim como mulher, estar nesta posição em que olho para os problemas de saúde das pacientes e possa salvar as suas vidas, e ajudá-las no processo de dar a vida a outros seres – os seus bebés,” afirmou.
A profissional de saúde partilha o seu ponto de vista sobre a vida; “a minha perceção é que todo a gente, todo o ser humano, tem o direito a vida. No meu caso em particular, é importante respeitar o direito de toda a mãe e toda a criança que assisto”.
Esta profissional recebe e trata cerca de 10 pacientes por dia. As mesmas podem ser referidas de outras unidades sanitárias. Por outro lado, a insegurança causou a deslocação forçada de muitas mulheres grávidas que quando apresentam um caso clínico grave são referidas a centros de saúde como este onde a Sra. Monica trabalha.
Há também muitas mulheres em campos de deslocados que visitam a Unidade Sanitária sem referência, conforme explica Sra. Monica: “Por exemplo, por dia eu recebo cerca de uma paciente que é deslocada da sua zona de origem. Estas chegam a nós por referência dos centros de reassentamento onde se encontram. Muitas destas mulheres, para além de precisarem de cuidados de saúde, também apresentam situação de distúrbios devido a casos de gravidez indesejada”.
Monica acredita que os cuidados que tem dado as suas pacientes, tem contribuído para que haja poucos casou de prematuridade. “Felizmente, na minha Unidade Sanitária casos de bebés prematuros tem sido cada vez mais raros . Entretanto, quando estes surgem, temos um protocolo que observamos colocando pele-a-pele em contacto com a mãe para prevenir hipotermia e promovendo o aleitamento materno logo após a primeira hora,” explica a senhora Monica.
Contudo, lamenta que há ainda parturientes que tem parto em suas casas, e deslocando-se as unidades sanitárias somente quando estas e os seus bebés estejam em estado de saúde grave. “No princípio deste ano eu tive um caso de uma mãe que deu à luz em casa, chegou no posto com o recém-nascido falecido. Lamentavelmente, a mãe também perdeu a vida.”
Em relação aos casos de COVID-19 nas mulheres grávidas, Monica explica que esta situação condicionou de alguma maneira o seu trabalho devido aos maiores cuidados de triagem que tinham que ser tomados para evitar contaminações. Devido a estas medidas preventivas, felizmente tivemos apenas um caso suspeito.” Tive apenas um caso de uma paciente que chegou com sintomas de COVID -19. Contudo, após o teste, o resultado foi negativo e concluímos que se tratava apenas de uma doença respiratória”.
Esta profissional reconhece a importância da formação que recebeu. ” A formação que recebi com o apoio da OMS foi muito importante na medida em que serviu para um refrescamento das minhas tarefas na forma como atendo as pacientes. Aumentou as minhas habilidades para poder salvar as pacientes e os bebés. Também obtive conhecimentos na identificação de mal -formações congénitas, classificá-las segundo o seu nome e referira-las para cirurgia correctiva. A malformação congénita mais comum que identificamos aqui, são os lábios leporinos, sempre temos esses casos”.
“Eu recomendo esta formação a outros técnicos de saúde porque é bastante útil. A formação melhora bastante a nossa forma de trabalhar, porque permite-nos a troca de experiências e aumento dos nossos conhecimentos pois a ciência é dinâmica e não estática”. acrescenta a profissional
Por outro lado, é importante salientar que a realização destas capacitações só foram possíveis graças ao fundo recebido pelo Governo do Reino Unido, através do FCDO , no âmbito do Programa Conjunto das Nações Unidas para a Melhoria da Saúde Sexual, Reprodutiva, Materna, Neonatal, Infantil e do Adolescente (SRMNIA).
Para terminar, a profissional de 17 anos na área, apela a OMS que não se esqueça de profissionais como ela, pois segundo ela estas formações são bastante uteis para o fortalecimento do sistema da saúde, especialmente na sua província.