Angola adopta medidas para melhorar o acesso à água potável e combater a cólera
Luanda - Manuel Domingos, líder comunitário do bairro Mussenga, na província de Icolo e Bengo, no noroeste de Angola, lembra-se de uma altura em que o abastecimento de água à sua comunidade era efectuado por um “tanque de água não confiável”. Esta situação é comum em Angola, onde, de acordo com dados do governo, cerca de 44% da população não tem acesso a água potável e apenas 55% tem saneamento adequado. Nas zonas rurais, estes números são ainda mais baixos, aumentando o risco de doenças como a cólera.
Desde 7 de Janeiro de 2025, Angola tem estado a responder a um surto de cólera, com cerca de 11 500 casos e quase 440 mortes registados até 9 de Abril de 2025. Neste contexto, as autoridades sanitárias, com o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), iniciaram uma missão de mapeamento e tratamento dos principais pontos de acesso à água no país. O objectivo é identificar as fontes de contaminação, garantir o acesso à água tratada e travar a propagação da cólera.
No âmbito desta missão, em Janeiro e Fevereiro de 2025, 28 técnicos de saúde pública, de 15 municípios das cinco províncias mais afectadas, receberam formação em mapeamento de fontes de água. Aprenderam a utilizar ferramentas de georreferenciação para localizar e documentar as fontes de água, recolher dados sobre os casos de cólera e inserir esta informação em mapas, identificando assim potenciais locais de contaminação. Isto tornou possível o envio de equipas formadas em tratamento de água, gestão de casos e engajamento comunitário.
“Graças a esta formação, conseguimos identificar os pontos de contaminação, localizar com precisão as áreas problemáticas e, em coordenação com o Ministério da Energia e Águas e o Instituto Nacional de Investigação em Saúde, garantir que as famílias tenham acesso a água potável”, afirma Marinela Moniz, técnica do Departamento de Ambiente e Saneamento Básico de Cacuaco, um município da capital de Angola, Luanda.
Cerca de 320 pontos de água foram mapeados em todo o país, melhorando o acesso da população à água tratada, particularmente nas províncias de Luanda e Icolo e Bengo, que juntas representam cerca de 94% dos casos de cólera e 15% das mortes relacionadas com a doença em Angola.
Domingos diz que a visita dos técnicos ao seu bairro melhorou a situação. “Os técnicos de água visitaram a fonte de água na nossa comunidade e educaram-nos sobre a importância da água tratada e, desde então, os nossos tanques têm sido abastecidos com água segura. Agora, os nossos filhos estão mais protegidos da ameaça da cólera”, afirma.
O Dr. Indrajit Hazarika, Representante da OMS em Angola, destaca a importância dos esforços multissectoriais para acabar com a cólera. “Graças à liderança multissectorial e ao apoio dos parceiros, temos a certeza de que em breve será possível controlar a contaminação e acabar com a cólera em Angola. No entanto, temos de acelerar o acesso a água de qualidade, melhorar o saneamento, reforçar a prevenção e o tratamento e garantir uma protecção duradoura para evitar que percamos vidas devido a doenças como a cólera”, afirma.
Entretanto, técnicos como Marinela visitam as comunidades todas as semanas, falando com as famílias e encorajando-as a seguir as medidas de prevenção da cólera. “Temos a certeza de que, com mais formação e material de trabalho, vamos ajudar a garantir água potável para as famílias, acabar com o surto e salvar vidas”, afirma.
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