São Tomé e Príncipe celebra o Dia Mundial da Saúde com uma feira focada na saúde da mulher e da criança
São Tomé - A Praça Yon Gato, no centro da capital de São Tomé, acolheu o ato central da celebração do Dia Mundial da Saúde. A feira de Saúde Materna, realizada pelo Ministério da Saúde em colaboração com a Organização Mundial da Saúde, OMS, marcou o ponto central do dia. O evento, presidido pelo Ministro da Saúde, Dr. Celso Matos, contou com a presença do Representante da OMS, Dr. Abdoulaye Diarra, e outros parceiros, profissionais do setor da saúde e a população que aderiu em massa à feira.
Este ano, o Dia Mundial da Saúde é celebrado sob o lema "Começos Saudáveis, Futuros Esperançosos", um apelo da OMS para que se intensifiquem os esforços a nível mundial para garantir o acesso a cuidados de elevada qualidade para as mulheres e os bebés, especialmente nos países mais pobres, em situações de emergência humanitária e em cenários frágeis onde ocorre a maioria das mortes maternas e neonatais.
Ao fazer a abertura do evento, o Ministro da Saúde frisou, que, não obstante os desafios, o país tem vindo a melhorar os seus indicadores no que se refere à saúde materna e infantil. “O nosso país tem poucas enfermeiras parteiras, poucos médicos obstetras, pouquíssimos pediatras, mas apesar disso, temos tido bons resultados em matéria de saúde infantil e isso é algo que temos que valorizar. E temos também que agradecer aos parceiros internacionais, nomeadamente à OMS, que nos tem ajudado a conseguir esses bons resultados”, disse o Ministro da Saúde, Dr. Celso Matos. Segundo dados do último Inquérito de Indicadores Múltiplos (MICS), realizado no país em 2019, São Tomé e Príncipe registou uma queda de 65% na taxa de mortalidade entre crianças com menos de 5 anos de idade, passando de 84 mortes por 1.000 nados-vivos em 2000 para 30/1.000 nados-vivos em 2019.
Na sua intervenção, o Represente da OMS em São Tomé e Príncipe, Dr. Abdoulaye Diarra, frisou também que “melhorar a saúde materna significa melhorar os direitos das mulheres e das raparigas para que estas possam planear as suas vidas e proteger a sua saúde. Investir na saúde das crianças é investir no nosso futuro”.
A feira organizada pelo Ministério da Saúde teve como principal foco oferecer à população um conjunto de serviços de saúde gratuitos, como consultas de clínica geral, ginecologia, obstetrícia, pediatria, oftalmologia, planeamento familiar e vários outros exames e serviços médicos importantes.
Cecília Quaresma esperou vários minutos na fila para conseguir uma consulta de especialidade. “Tenho um problema que já foi tratado, mas voltei a ter dores. Não tenho conseguido vaga no hospital e vim hoje”.
Assim como ela, Lucila Marques trouxe o seu filho para a consulta de pediatria e aproveitou para ser observada pelo serviço de oftalmologia. “Como estou grávida, as minhas consultas de pré-natal estão em dia, mas estou a tentar fazer outras consultas e a oftalmologia era uma delas e tinha conseguido. Quando vi que também estavam especialistas de oftalmologia aqui na feira também resolvi aproveitar”. Em todo o lado, as mulheres precisam de ter acesso a prestadores de cuidados de saúde que ouçam as suas preocupações e satisfaçam as suas necessidades – incluindo nos meses seguintes à gravidez, quando milhões de mulheres carecem de apoio fundamental, apesar das consequências duradouras para a saúde após o parto.
Apesar dos progressos registados nas últimas décadas, as mortes maternas e de recém-nascidos continuam a ser um desafio crítico. Cerca de 300 000 mulheres morrem anualmente em todo o mundo devido a complicações relacionadas com a gravidez ou o parto. Além disso, 2,3 milhões de bebés morrem no primeiro mês de vida e 1,9 milhões são nados-mortos, perdas concentradas em países de baixo rendimento e em contextos frágeis, principalmente na Região Africana da OMS.
No continente africano morrem 20 mães e 120 recém-nascidos por hora, o que perfaz um total de 178 mil mortes maternas e 1 milhão de mortes de recém-nascidos por ano. Novos dados divulgados pela OMS revelam que quatro em cada cinco países não vão alcançar os objetivos globais de sobrevivência materna até 2030. Sessenta e cinco países não vão atingir os objetivos de redução das mortes de recém-nascidos e 60 (a maioria dos quais na região africana) não estão em condições de cumprir os objetivos de redução da mortalidade infantil.