Dia Mundial de Luta contra o Paludismo 2023

Mensagem da Directora Regional da OMS para a África, Dr.ª Matshidiso Moeti

O paludismo tem sido um inimigo obstinado da saúde pública. Em 2021, causou a morte de 619 000 
pessoas, das quais aproximadamente 96% viviam em África. É uma patologia 6 a 20 vezes mais provável 
de se espalhar em ambientes propensos a mosquitos do que a variante Ómicron de sars-cov-2. A doença 
já foi endêmica na maior parte do mundo, varrendo as Américas nos anos 1600 e chegando ao norte da 
costa do Ártico e ao leste do Japão. Mas agora, temos ao nosso alcance a possibilidade de salvar 
anualmente milhões de vidas evitando-lhes a doença e a morte causadas pelo paludismo, após novos 
progressos rumo à eliminação da doença. 

Hoje assinala-se o 16.º Dia Mundial de Luta contra o Paludismo e é uma altura apropriada para fazermos 
um balanço do impacto devastador que o paludismo tem na vida das pessoas e no desenvolvimento 
económico desta Região. Os esforços concertados produzem resultados positivos. Em 2021, graças às 
acções conjuntas dos países e parceiros afectados pelo paludismo, as mortes por paludismo diminuíram 
em comparação com 2020, apesar das consequências da pandemia de COVID-19.

Esse esforço encontra eco no tema deste ano: “É tempo de chegar a zero caso de paludismo: investir, 
inovar, implementar”.

Em termos de progressos, apesar da pandemia, ficou demonstrado um compromisso sólido a nível 
nacional, que resultou em muitos sucessos. Por exemplo, cerca de 75% dos 171 milhões de redes 
mosquiteiras tratadas com insecticida (RMTI) planeadas foram distribuídas. O tratamento preventivo 
sazonal do paludismo foi ainda mais alargado, alcançando quase 45 milhões de crianças em 15 países 
africanos, ou seja um aumento significativo em relação aos 33,4 milhões em 2020, ao passo que os 
serviços de teste e tratamento do paludismo foram mantidos. As disposições tomadas permitiram evitar 
a ocorrência de mais de 1,6 mil milhões de casos de paludismo e 11 milhões de mortes por paludismo na 
Região Africana da OMS entre 2000 e 2021.

Além disso, a primeira vacina contra o paludismo recomendada pela OMS para prevenir o paludismo em 
crianças (também conhecida como RTS,S) está a salvar vidas. No Gana, no Quénia e no Maláui, onde quase 
1,5 milhões de crianças receberam a vacina através de um programa-piloto coordenado pela OMS, há 
uma diminuição substancial das hospitalizações por paludismo grave e uma diminuição da mortalidade 
infantil. Pelo menos 28 países africanos manifestaram interesse em introduzir a vacina, devendo alguns 
outros países iniciá-la no início de 2024. A procura sem precedentes da primeira vacina contra o paludismo 
é considerada uma oportunidade para levar as crianças de volta aos serviços clínicos, para pôr em dia as 
vacinas não administradas e intervenções de saúde infantil – incluindo o reforço da necessidade das 
crianças dormirem todas as noites sob RMTI. É extremamente importante administrar esta vacina a 
crianças. A OMS, a GAVI, a UNICEF e outros parceiros estão a trabalhar 
no sentido de aumentar o abastecimento o mais rapidamente possível 
para proteger crianças mais vulneráveis e salvar mais vidas. 

De modo geral, em termos de redução da incidência do paludismo, oito países estão no bom caminho 
para atingirem a meta da Estratégia Técnica Mundial 2025 (África do Sul, Cabo Verde, Etiópia, Gâmbia, 
Gana, Mauritânia, Ruanda e Zimbabué). No entanto, 15 países alcançaram uma redução insuficiente, 
enquanto 20 testemunharam estagnação ou acréscimo de casos. Dez países registaram aumentos nas 
mortes por paludismo. Se quisermos alcançar as metas definidas para 2025 e 2030, teremos de acelerar 
o ritmo dos progressos realizados. 

Embora felicitemos os nossos Estados-Membros e parceiros de desenvolvimento pelas realizações 
alcançadas ao longo do último ano, estamos muito preocupados com o facto de as mortes por paludismo 
permanecerem inaceitavelmente elevadas e de os casos terem continuado a aumentar desde 2015. A 
Região Africana da OMS, só por si, contabilizou, em 2021, cerca de 234 milhões de casos de paludismo e 
593 000 mortes, suportando assim o fardo mais pesado de mais de 95% dos casos e 96% de mortes a nível 
mundial. Por conseguinte, a nossa Região continua a ser a mais fustigada por esta doença mortal, em 
parte porque demasiadas pessoas não têm acesso a intervenções preventivas e curativas. Quase 30% da 
população na maioria dos países africanos não tem acesso aos serviços essenciais de saúde e a maioria 
das pessoas enfrenta despesas inaceitavelmente elevadas com os cuidados de saúde. As desigualdades 
significativas afectam os mais vulneráveis, as crianças e as mulheres, enquanto cerca de 80% dos casos de 
paludismo e dos óbitos ocorrem em crianças com menos de cinco anos.

Para reverter estas tendências e acelerar o progresso, temos de repensar e revitalizar as nossas 
estratégias, investindo, inovando e implementando com inteligência:

Em termos de investimentos, somos responsáveis pelo aumento do financiamento para intervenções de 
combate ao paludismo, através de abordagens de cuidados de saúde primários, para que os serviços de 
combate ao paludismo sejam acedidos pelas populações mais vulneráveis onde quer que se encontrem. 
Em 2021, os países e parceiros endémicos mobilizaram apenas 50% dos 7,3 mil milhões de dólares 
necessários a nível mundial para se manterem no caminho certo no sentido de derrotar o paludismo. Por 
conseguinte, exortamos os nossos Estados-Membros a manterem o paludismo no topo das suas agendas 
quando afectarem recursos à saúde.

Na inovação, existe uma grande necessidade de aumentar o número e a eficácia das ferramentas e 
estratégias de controlo para que as intervenções possam ter um maior impacto. Neste contexto, a OMS 
pré-qualificou recentemente novas redes tratadas com insecticida com dupla substância activa e vários 
insecticidas para pulverização residual intradomiciliária. A nova distribuição da vacina RTS,S foi alargada 
para além dos três países iniciais e estão em preparação vários outros produtos inovadores. São 
necessárias novas ferramentas e estratégias para fazer face às ameaças da resistência aos medicamentos, 
da resistência aos insecticidas e de novos vectores invasivos que comprometem os ganhos no controlo de 
vectores. Neste sentido, lançámos recentemente duas estratégias para apoiar os países no continente 
africano à medida que estes trabalham para construir uma resposta mais resiliente ao paludismo: (1) Uma 
estratégia para travar a resistência aos medicamentos antipalúdicos e (2) 
uma iniciativa para travar a propagação do novo vector invasivo do paludismo por Anopheles stephensi – um vector perigoso que se reproduz em áreas urbanas e tem o 
potencial de aumentar a transmissão. A luta contra os vectores do paludismo exigirá acções 
multissectoriais e o envolvimento de unidades administrativas e de comunidades descentralizadas para 
sustentar a mudança de comportamento e a adopção destes instrumentos. Um novo quadro mundial 
para responder ao paludismo nas áreas urbanas, elaborado em conjunto pela OMS e pela ONU-Habitat, 
orienta os líderes e as partes interessadas das cidades. Entretanto, está prevista uma fase robusta de 
investigação e desenvolvimento para trazer uma nova geração de ferramentas de controlo do paludismo 
que poderão ajudar a acelerar o progresso em direcção às metas mundiais.

Por último, sobre a implementação. Vamos dar prioridade a este segmento como parte da campanha de 
2023 e à importância crucial de alcançar as populações marginalizadas com as ferramentas e estratégias 
disponíveis para reduzir a transmissão para ganhos presentes e futuros. A luta contra os vectores do 
paludismo exigirá acções multissectoriais e o envolvimento das unidades administrativas e comunidades 
descentralizadas para sustentar a mudança de comportamento e a adopção destes instrumentos. 
Devemos capacitar os profissionais de saúde e as comunidades na linha da frente para participarem 
plenamente na identificação das principais barreiras no acesso aos serviços, garantir a implementação 
eficaz das estratégias de controlo do paludismo e responsabilizar os seus líderes pelos resultados na 
saúde.

O Dia Mundial de Luta contra o Paludismo oferece-nos uma oportunidade para renovarmos os 
compromissos políticos e reforçarmos os investimentos na prevenção e no controlo do paludismo. Por 
conseguinte, apelo a todos os Estados-Membros para que redobrem o seu compromisso de implementar 
um plano de aceleração ambicioso e inovador para reduzir rapidamente o fardo do paludismo e salvar as 
vidas das suas populações. Isto pode ser feito garantindo que todas as pessoas, em todos os lugares, têm 
acesso aos serviços de tratamento do paludismo de qualidade de que necessitam e a preços acessíveis. 
Tudo este esforço exigirá uma compreensão mais granular de quem não está a participar, o motivo pelo 
qual está vulnerável e quais são os seus obstáculos ao acesso aos serviços de prevenção e tratamento do 
paludismo. Para o conseguir, os governos terão de mobilizar mais recursos e capacidades técnicas aos 
níveis nacional e internacional e criar parcerias eficazes e mecanismos multissectoriais para ajudar a 
reforçar as medidas preventivas e melhorar a cobertura dos serviços de gestão de casos de paludismo.

Junte-se à nossa campanha para eliminar o paludismo para todos!