Os progressos significativos realizados até à data nos aproximaram do limiar da erradicação da poliomielite. Estamos quase a conseguir! Nesta efeméride do dia Mundial de luta contra a Poliomielite, renovemos os nossos esforços para “deixar a poliomielite no passado”, em África.
Em resposta aos actuais surtos de poliovírus, a OMS na Região Africana continua a avançar no sentido de acabar com este vírus debilitante através de intervenções atempadas e eficazes.
Embora apenas um caso de poliomielite seja um caso a mais, este ano, assistimos a uma diminuição do número de detecções na nossa região. Os 438 casos de poliomielite causados pelo poliovírus circulante notificados no final do ano passado (de Setembro de 2022) passaram agora a ser 304 casos no mesmo período deste ano, o que representa uma diminuição de 31% no número de casos nos últimos 12 meses.
Além disso, não observámos quaisquer detecções de poliovírus selvagem na nossa Região durante mais de um ano.
Estes resultados fazem votos de que a Região Africana interrompa a circulação do poliovírus para atingir o objectivo mundial de erradicação da poliomielite.
No entanto, neste último quilómetro, não podemos repousar à sombra dos nossos louros porque 21 países da Região Africana ainda estão a enfrentar surtos do poliovírus circulante neste preciso momento. Alguns deles estão em áreas que não viram nenhuma circulação anterior do vírus em décadas.
A pandemia de COVID-19 também afectou negativamente a nossa luta contra a poliomielite, levando a uma redução da imunidade da população e ao ressurgimento de certos tipos de poliovírus. As consequências da pandemia, combinadas com os desafios relacionados com a disponibilidade de vacinas, tem aumentado os riscos de transmissão. Os casos de poliovírus selvagem no ano passado no Maláui e em Moçambique foram uma dura advertência que, até que o mundo esteja livre do poliovírus selvagem, todos os países e regiões permanecem em risco.
De forma a rebater esta situação, os Estados-Membros estão a declarar e a dar resposta rapidamente à poliomielite e a outras emergências sanitárias durante surtos.
Reitero o tremendo esforço envidado em cada país da Região Africana na realização de campanhas de vacinação de alta qualidade e na vacinação de rotina, como passos fundamentais para a caminhada da nossa região rumo à erradicação da poliomielite.
Além disso, a coordenação transfronteiriça de acções conjuntas para rastrear o poliovírus e vacinar as crianças em movimento continua a ser uma prioridade para acabar com a poliomielite. Ademais, o uso de soluções de saúde inovadoras tem um papel fundamental a desempenhar na monitorização da eficácia das campanhas de vacinação.
O nosso objectivo geral na Região Africana é parar a transmissão de todos os tipos de poliomielite e integrar os activos da doença em actividades para reforçar a vigilância da doença, as capacidades de resposta a surtos e os serviços de vacinação.
Estas medidas estão em sintonia com a Estratégia de Erradicação da Poliomielite 2022-2026: Cumprir uma promessa.
Acredito que posso contar com a assistência contínua de todos os nossos parceiros à medida que trabalhamos com os nossos Estados-Membros para dar um lugar cimeiro à vacinação das crianças “zero doses” que, por vezes, vivem nas circunstâncias mais difíceis e garantir campanhas de qualidade e sucesso.
Aguardo com expectativa o apoio duradouro da Iniciativa Mundial de Erradicação da Poliomielite (GPEI) e da GAVI na Região Africana para colmatar o fosso cada vez maior que existe na imunidade e trazer a vacinação de volta aos níveis pré-pandémicos.
Reconheço o ímpeto do compromisso político, que está agora a ser implementado através do aumento dos fundos – de acordo com a recente e inovadora parceria financeira (da Comissão da UE, da Fundação Gates, da UNICEF e do Banco Europeu de Investimento).
Esta parceria é essencial para deixar a poliomielite no passado e, ao fazê-lo, reforçar os nossos sistemas de saúde. A poliomielite constitui actualmente a única emergência de saúde pública de dimensão internacional e devemos continuar a realizar as nossas acções de sensibilização para garantir que as medidas necessárias são levadas a cabo.
Vamos continuar estes esforços: em primeiro lugar, melhorar a vigilância; depois, aumentar a escala e o âmbito da nossa resposta; e, finalmente, manter a nossa dedicação e compromisso com os esforços de erradicação.
Foi assim que acabámos com o poliovírus selvagem em África quando, a 25 de Agosto de 2020, a Comissão Regional Africana de Certificação da Erradicação da Poliomielite declarou o continente africano livre do poliovírus selvagem indígena do tipo 1.
Com a mesma perseverança, podemos acabar com todas as formas de paralisia causadas por todos os tipos de poliovírus.
Estendo a minha mais profunda gratidão a cada um dos nossos parceiros. A vossa dedicação e os vossos esforços são a alma do nosso sonho comum: um mundo livre da poliomielite.