Mensagem da Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África
No dia 14 de Junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) celebra o Dia Mundial do Dador de Sangue para sensibilizar as populações para a necessidade de sangue e de componentes sanguíneos seguros, como o plasma. Este dia oferece também a oportunidade de agradecer e expressar a nossa gratidão a todos os dadores de sangue voluntários e não remunerados por este gesto altruísta que permite salvar vidas.
O tema deste ano é “Dar sangue para manter o coração do mundo a bater”, na medida em que se verificou uma diminuição do número de dadores de sangue durante a pandemia de COVID-19. Porém, continua a haver cerca de sete milhões de doentes que precisam deste componente vital nos países africanos todos os anos.
O sangue seguro e a sua transfusão são aspectos fundamentais da prestação de cuidados de qualidade, uma vez que permitem salvar pessoas com lesões graves e as mães que sofrem de hemorragias durante o parto. O sangue também é necessário para procedimentos cirúrgicos, bem como para o tratamento de anemia grave, hemopatias hereditárias, e outras patologias. O sangue só pode ser armazenado por um período de tempo limitado, pelo que a recepção regular de doações de sangue oferece um meio eficaz de garantir a disponibilidade de componentes sanguíneos de qualidade.
Como parte da resposta à COVID-19, dez países africanos estão a investigar o uso de terapêutica com plasma convalescente para o tratamento desta doença. Entre eles, a Etiópia, a Guiné e a Maurícia recolheram amostras de plasma convalescente para uso compassivo e estão em curso ensaios de controlo aleatorizados na África do Sul e no Uganda.
Ao longo do último ano, as reservas de sangue diminuíram na Região Africana, uma vez que as restrições à liberdade de circulação e os receios de infecção impediram as pessoas de acederem aos locais de doação de sangue. A taxa média de dádivas de sangue diminuiu 17% e a frequência das campanhas de doação de sangue diminuiu 25%. A procura de sangue também diminuiu 13% com a suspensão de cirurgias de rotina em alguns países e a redução da procura de cuidados nas unidades de saúde.
No entanto, mesmo durante a pandemia, os dadores de sangue fizeram esforços extraordinários em muitos países para continuar a dar sangue. As campanhas de sensibilização levadas a cabo com o apoio das associações de dadores, das organizações da sociedade civil e das forças armadas e de segurança permitiram recrutar um bom número de dadores voluntários em oito países africanos1.
A OMS está a colaborar com várias partes interessadas para melhorar o acesso a produtos sanguíneos de qualidade. Criámos uma parceria com a Coalition of Blood for Africa (Coligação de Sangue para a África), em Novembro de 2020, para levar a cabo esta iniciativa que conta com o apoio da Organização das Primeiras-damas de África para o Desenvolvimento e do sector privado. O programa BloodSafe (Sangue Seguro), financiado pelos institutos de saúde dos Estados Unidos da América, apoia os trabalhos de investigação que visam aumentar a disponibilidade de sangue seguro nos países africanos. Esta parceria permitiu desenvolver projectos de investigação no Gana, no Quénia e no Maláui em colaboração com universidades dos Estados Unidos.
Em parceria com o Facebook, criámos uma funcionalidade de doação de sangue na Região, que coloca dadores em contacto com os bancos de sangue próximos. A ferramenta está agora disponível em 12 países2 e conta com mais de 3,8 milhões de utilizadores do Facebook, que se inscreveram para serem notificados sobre oportunidades de doação de sangue.
Queremos também incentivar mais jovens a dar sangue para salvar vidas e a inspirar os amigos e familiares a fazer o mesmo. De acordo com as directrizes nacionais em vigor em certos países, os cidadãos com 16 e 17 anos de idade podem dar sangue com o consentimento dos pais ou tutores. No entanto, qualquer pessoa com mais de 18 anos residente num país do continente africano pode salvar vidas ao dar sangue.
Por fim, neste Dia Mundial do Dador de Sangue, exorto os governos, em colaboração com as associações de dadores de sangue e as organizações não governamentais, a criarem os sistemas e as infra-estruturas necessários para aumentar a colheita de sangue de dadores voluntários.
Gostaria de agradecer a todos os dadores de sangue e apelo a que todos façamos bom uso deste dom que permite salvar inúmeras vidas.
Saiba mais:
- Argélia, Burundi, Chade, Etiópia, Gabão, Nigéria, República do Congo e Zâmbia.
- África do Sul, Burquina Faso, Chade, Côte d’Ivoire, Guiné, Mali, Namíbia, Níger, Quénia, Ruanda, Senegal e Zimbabué.