Mensagem do Dr. Chikwe Ihekweazu, Director Regional interino da OMS para a África
O Dia Mundial da Saúde Oral 2025, celebrado anualmente a 20 de Março, é uma oportunidade fundamental para levar a cabo acções de sensibilização e dar prioridade à saúde oral que constitui uma componente essencial do bem-estar geral que é frequentemente negligenciada.
As doenças orais, como as cáries dentárias, as doenças das gengivas e as perdas de dentes afectaram 42% da população da Região Africana da OMS em 2021. A Região tem também o maior número de casos de noma, uma doença gangrenosa da boca, não contagiosa e de rápida progressão, que afecta principalmente crianças pequenas. Se não for tratada, a noma tem uma elevada taxa de mortalidade e os sobreviventes sofrem frequentemente de deficiências, de desfiguração, de estigma e de discriminação ao longo da vida.
Para combater estes desafios, os Estados-Membros aprovaram a Estratégia Regional de Saúde Oral 2016-2025, que integra as doenças orais nos programas de prevenção e controlo das doenças não transmissíveis (DNT). As doenças orais partilham factores de risco comuns – nomeadamente o tabaco, o álcool, o consumo elevado de açúcar e determinantes socioeconómicos e comerciais – com outras doenças não transmissíveis, como a diabetes, o cancro e as doenças cardiovasculares, o que torna mais eficaz uma abordagem integrada.
A nível mundial, a septuagésima quarta Assembleia Mundial da Saúde (WHA74), em 2021, reconheceu a saúde oral como uma parte essencial da agenda das doenças não transmissíveis e da cobertura universal de saúde (CUS). Tal levou à aprovação da Estratégia Mundial para a Saúde Oral (WHA75) e do Plano de Acção Mundial para a Saúde Oral 2023-2030 (WHA76), que inclui um quadro de monitorização.
Com o apoio de parceiros como a fundação Hilfsaktion Noma e.V. e a Borrow Foundation, bem como dos Centros Colaboradores da OMS, vários países da Região tomaram medidas concretas:
· O Lesoto, a Nigéria e a Serra Leoa elaboraram documentos de política de saúde oral.
· A Etiópia e o Quénia formaram cerca de 180 trabalhadores dos cuidados primários e 1200 agentes comunitários de saúde utilizando os cursos online da OMS sobre noma e saúde oral.
· A Etiópia reforçou o seu sistema de vigilância da noma, ao identificar casos através da procura activa de casos durante as campanhas de administração maciça de medicamentos contra a oncocercose.
· Foi lançado um novo projecto de reforço de capacidades no Quénia, na República Unida da Tanzânia e na Zâmbia que visa melhorar o acesso a materiais dentários incluídos na lista da OMS, com o apoio do Ministério da Saúde, do Trabalho e do Bem-Estar do Japão.
Apesar destes avanços, a Região Africana acusa um atraso no que diz respeito aos principais indicadores de saúde oral. Por exemplo, apenas 17% da população regional tem acesso a serviços essenciais de saúde oral. Os progressos na prevenção de doenças também são lentos, sobretudo a utilização de flúor e os esforços de redução do açúcar.
O pessoal da saúde oral também continua a ser desadequada. Em 2022, a Região contava com 56 772 profissionais de saúde oral, incluindo dentistas, assistentes dentários e terapeutas (0,37 por 10 000 habitantes) - muito abaixo dos 158 916 profissionais de saúde oral (um rácio de 1,33 por 10 000 habitantes) necessários para satisfazer a procura.
Temos de nos esforçar mais.
Para acelerar a implementação do Plano de Acção Mundial para a Saúde Oral, a OMS convocou a sua primeira Reunião Mundial sobre Saúde Oral na Tailândia (Novembro de 2024). O encontro reuniu cerca de 350 participantes, incluindo o Ministro da Saúde das Comores e representantes de 29 Estados-Membros da Região. Os delegados desenvolveram roteiros nacionais para fazer avançar os esforços de saúde oral, e um Quadro Regional para acelerar a implementação será discutido no septuagésimo quinto Comité Regional para a África no final deste ano.
Temos de agir agora. Temos a estratégia – temos de implementá-la agora.
Tal requer que:
· envolvemos as partes interessadas multissectoriais;
· asseguremos o financiamento através de mecanismos de financiamento inovadores, como a afectação das receitas dos impostos sobre a saúde à saúde oral;
· integremos os serviços de saúde oral nos pacotes nacionais de prestações sociais; e
· utilizemos uma abordagem de implementação centrada nas pessoas.
Vamos trabalhar juntos para obter melhores resultados em termos de saúde oral! Juntos, podemos ir mais longe!
Saiba mais:
Saúde Oral, Escritório Regional da OMS para a África (disponível em inglês)
Dia Mundial da Saúde Oral 2024 | OMS | Escritório Regional para a África
África é afectada pelo maior aumento mundial de doenças orais (disponível em inglês)
Projecto de saúde oral faz rastreio de doenças cardíacas em crianças nas Comores (disponível em inglês)
A República Unida da Tanzânia dá prioridade à prestação de serviços de saúde oral ao nível dos cuidados primários (disponível em inglês)