O Ciclone Gombe traz a luz os verdadeiros heróis do Sector da Saúde.
O Ciclone Gombe atinge o País três anos depois dos ciclones Idai e Kenneth terem fustigado, respetivamente, as regiões centro e norte de Moçambique. Gombe causou muitos danos principalmente na província de Nampula, a mais populosa do País. Com 6,335,121 milhões de habitantes segundo os dados de 2022 do Instituto Nacional de Estatística (INE).
A tempestade Gombe chegou à costa moçambicana pelas 03:00 de madrugada do dia 11 de Março de 2022 na categoria de ciclone intenso com chuva torrencial e vento de 165 quilómetros por hora, com rajadas superiores a 200 quilómetros por hora. O mesmo fez com que os distritos costeiros da província de Nampula, ficassem incontactáveis e muitos inacessíveis.
No que diz respeito o sector da Saúde, este foi um dos mais afectado. Na província de Nampula 66 unidades sanitárias foram afectadas sendo 64 parcialmente e 2 totalmente destruídas. 306 funcionários de Saúde da província foram afectados pela destruição das suas casas, sendo que 114 deles ficaram completamente desalojados com a destruição total das suas residências.
Senhor Tomas Maurício funcionário do sector de Saúde com mais de 37 anos de serviços, que trabalha como responsável da farmácia no Centro de Saúde de Mucuali no distrito de Angoche foi um dos afectados pela tempestade. Tomas lamenta a sua perda, mas diz que infelizmente ninguém faleceu quando a sua casa caiu.
Por incrível que pareça o Senhor Tomas partilha a sua experiência pessoal enquanto atende mães cujo filhos testam positivo para Malaria, na farmácia do centro em que metade do teto foi destruído pelo Ciclone.
“Quando eu percebi que algo estava errado com a minha casa, eu consegui sair antes que uma das paredes se caíssem e o teto se desmoronasse. Consegui recuperar algumas roupas, comida e documentos, mas a maioria foi destruído pela a água da chuva. “Disse Sr. Tomas apontando para o que resta da sua casa.
Este funcionário dedicado apesar de ser um dos sinistrados, afirmou que quando ele perdeu a sua casa, não parou de trabalhar. “ Eu não parei de trabalhar eu assinei um contrato com Ministério da Saúde para salvar vidas , por isso não posso abandonar o meu posto de trabalho por causa de um Ciclone. Eu só preciso de material para reconstruir a minha casa, mas a minha situação atual não vai-me impedir de continuar a trabalhar ” Afirmou Sr. Tomas
É importante reconhecer que a província de Nampula contribui com 30% dos indicadores sanitários a nível nacional. Estes indicadores servem para avaliar o nível de execução do Ministério da Saúde.
Esta província conta com grandes exemplos de sucesso no que diz respeito a execução de programas de Saúde. Durante a campanha de vacinação contra COVID-19 a província de Nampula atingiu 90% de vacinação. Isto mostra que a equipa do sector da saúde a nível provincial e distrital esta determinada a salvar a vida da sua população.
Por isso a determinação e dedicação destes funcionários de Saúde, como o Senhor Tomas Maurício, em tempos difíceis é de louvar e valorizar. Eles são os verdadeiros heróis da linha da frente que não medem esforços para salvar vidas humanas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) em parceira com a direção provincial e distrital e outros parceiros têm vindo a fazer o levantamento das necessidades do sector, de modo a responder de forma efectiva para aliviar o sofrimento das pessoas afectadas principalmente as mais vulneráveis.
No dia 14 de Março de 2022 a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez a doação de medicamentos e suprimentos renováveis ao Serviço Provincial de Saúde para apoiar no reforço da capacidade de resposta de emergência causada pelo Ciclone Gombe na província de Nampula.
Segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD) , cerca de 736.000 pessoas foram afectadas entre elas houve 108 feridos e 63 óbitos. Por além da perca humana, este ciclone também causou danos incalculáveis em infraestruturas a nível dos distritos. Os últimos dados da instituição indicam que mais de 70,000 casas foram totalmente destruídas e cerca de 9,000 inundadas. Entre as infraestruturas afectadas também se encontram as unidades sanitárias, escolas, pontes, estradas e áreas e cultivo e fontes de água.