Angola reforça medidas de preparação e resposta à cólera
Com os contínuos surtos de cólera nos países vizinhos, Angola está a intensificar as medidas de preparação para responder eficazmente ao potencial aparecimento da doença no país.
Nas últimas semanas, o Ministério da Saúde, com o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS), elaborou um plano nacional de contingência para a cólera que define as principais medidas a implementar para prevenir e responder a um surto. As autoridades sanitárias estão a reforçar a vigilância da doença e outras actividades de resposta em zonas de alto risco ao longo da fronteira com a Zâmbia e a República Democrática do Congo.
As medidas prioritárias incluem a garantia de que as unidades de saúde dispõem de definição de casos - o que é crucial para determinar se um doente está ou não ligado a um surto que está a ser investigado - e de que os protocolos de tratamento da cólera estão disponíveis em todas as unidades de saúde. Estão a ser formadas equipas de resposta rápida nos distritos fronteiriços e os profissionais de saúde estão a receber apoio no tratamento da cólera. Estão também a ser distribuídos sais de reidratação oral e fluidos intravenosos nas unidades de saúde das zonas fronteiriças.
"Estamos no bom caminho. Diferentes departamentos ministeriais, comunidades e parceiros estão envolvidos na preparação de actividades em diferentes áreas, de a cordo com o plano de contingência nacional", afirmou a Dra. Helga Freitas, Directora Nacional de Saúde Pública. "Garantir uma forte capacidade de prevenção e resposta contra a cólera é uma aposta nacional e todos devemos participar activamente."
Estão também a ser envidados esforços para identificar todas as fontes de água não tratada ou poluída. Além disso, as autoridades sanitárias estão a distribuir cloro e a clorar as fontes de água potável, e estão a sensibilizar o público para a prevenção da cólera e para a importância de procurar tratamento precoce, entre outras medidas preventivas.
"Estamos confiantes nas medidas que o país está a adotar e esperamos que, com a ajuda de todos, Angola possa reforçar a capacidade em áreas críticas, especialmente nas zonas fronteiriças, em termos de preparação dos profissionais de saúde, pré-posicionamento de kits essenciais, acesso a água tratada, mobilização e envolvimento das famílias, entre outros, para garantir uma vigilância, prevenção e resposta eficazes a um possível surto de cólera", disse o Dr. Humphrey Karamagi, Representante Interino da OMS em Angola.
As medidas estão a ser levadas a cabo em 10 das 18 províncias do país por uma equipa nacional de 28 peritos, incluindo oito da OMS, com maior incidência nas províncias do Cuando Cubango e Moxico, perto da fronteira com a Zâmbia, e na província da Luanda Norte, que faz fronteira com a República Democrática do Congo, onde um surto de cólera se verifica há vários meses.
"Como profissional de saúde, as actividades em curso são fundamentais", afirmou a Dra. Yaslava Cango, especialista em saúde pública na província da Lunda-Norte. "A oportunidade de fazer parte da formação de atualização com a participação de vários actores sociais permitiu-nos partilhar experiências e garantir que todos podem trabalhar de forma integrada para proteger vidas."
Angola já lutou contra surtos de cólera no passado. Após um período sem surtos entre 1995 e 2000, o país registou um enorme surto em 2011, que resultou em 2284 casos e 181 mortes. O surto mais recente, ocorrido entre 2016 e 2017, afectou as províncias de Cabinda, Luanda e Zaire, com um total de 252 casos e 11 mortes.