Resposta às necessidades de saúde em Moçambique no rescaldo do ciclone Chido

Maputo - O ciclone Chido teve um impacto devastador e afectou mais de 620 000 pessoas em Moçambique, sendo que as três províncias do Norte (Cabo Delgado, Nampula e Niassa) foram as mais fustigadas pelo ciclone que atingiu o país a 15 de Dezembro de 2024, danificando casas, escolas e outras infra-estruturas cruciais. Quarenta e oito unidades de saúde foram danificadas e inúmeros equipamentos e consumíveis médicos destruídos.

O Governo montou uma resposta de emergência multissectorial, com o apoio de parceiros, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que enviou responsáveis de saúde de emergência para ajudar a realizar avaliações em cinco distritos em duas províncias e criar estruturas temporárias para atender às necessidades imediatas de saúde das pessoas feridas e garantir a continuidade dos serviços essenciais de saúde para pessoas com problemas crónicos de saúde. 

 

Rafael Daniel, um trabalhador de 42 anos de Mecúfi, um distrito da Província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, tinha uma pequena ferida na parte inferior da perna antes de o ciclone Chido atingir o país. "Eu estava em casa durante o ciclone e a minha casa foi completamente danificada", conta. "Durante o ciclone, alguns destroços apanharam a minha ferida e ela ficou pior, e meus filhos sofreram lesões na cabeça."

Mecúfi, situado na entrada norte do canal de Moçambique (o braço ocidental do oceano Índico) é um dos três distritos mais afectados, com relatos de que todas as suas casas foram danificadas, 2000 famílias ficaram desalojadas. O distrito tem cinco unidades de saúde e todas foram destruídas.
A OMS está a apoiar a resposta à emergência sanitária nas três províncias. Em Mecúfi, para responder às necessidades de saúde imediatas das pessoas feridas, a Organização montou cinco tendas, sendo que a maior funciona como uma enfermaria.

Aqui Daniel recebeu o tratamento médico de que precisava para a perna. "O serviço na tenda da OMS é muito útil porque a maior parte da população precisa desse serviço", afirma. "Mas não é suficiente, é apenas o primeiro passo. O que eles estão a fazer é muito bom, mas precisamos de mais. Precisamos de mais medicamentos para substituir o que o hospital fornecia." Acrescenta que as infra-estruturas, como as estradas, precisam de ser reconstruídas para que o acesso a telefones e serviços bancários possa ser restabelecido.
O Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres está a liderar a resposta humanitária multissectorial nas províncias afectadas. Isto inclui a coordenação dos parceiros humanitários para garantir uma colaboração eficaz e reuniões regulares de coordenação, de modo a optimizar os esforços de resposta.

O Ministério da Saúde também enviou seis médicos especialistas para Cabo Delgado e intensificou a vigilância de doenças infecciosas. Isto acontece no contexto do surto de cólera em curso na Província de Nampula, declarado em 28 de Outubro, no qual foram notificados 260 casos e 20 mortes.

Além disso, o ciclone afectou uma população já vulnerável em Cabo Delgado, onde um conflito armado perdura há sete anos .
As autoridades de saúde locais, que foram afectadas pessoal e profissionalmente pelo ciclone, estão a tentar reconstruir os serviços de saúde face à destruição e às múltiplas carências.

Rosário Samuel é o Director do Centro de Saúde de Mecúfi. Estava em casa com os seus filhos quando o ciclone os atingiu. Embora todos tenham sobrevivido, a casa foi danificada e a família não conseguiu salvar os seus pertences. No entanto, ele está no centro de saúde todos os dias a tentar limpar os destroços e a prestar serviços básicos de saúde.

"Como sou responsável pela unidade de saúde, passo muito tempo aqui e quero priorizar isso até mesmo em relação à minha própria casa", diz Samuel. "Precisamos reconstruí-lo para a população porque o nosso maior valor é a vida. Não podemos deixar as pessoas sem acesso aos serviços básicos de saúde. Cuidaremos depois das nossas necessidades pessoais."
A OMS realizou avaliações rápidas para identificar as necessidades de saúde em dois distritos em Nampula e três distritos em Cabo Delgado. A Organização também enviou 12 responsáveis de saúde de emergência para as duas províncias, com vista a apoiar os sistemas de saúde locais e a integrar as equipas multissectoriais de resposta rápida.

“Os efeitos do ciclone devastaram as casas e as vidas das pessoas nessas regiões de Moçambique," diz Emiliano Lucero, coordenador do Grupo de Saúde da OMS e líder da equipa em Pemba. "Vai levar tempo para recuperar e reconstruir. A OMS continuará a apoiar as autoridades de saúde nesta resposta de emergência e nos esforços de longo prazo para restabelecer os serviços essenciais de saúde para as pessoas que deles necessitam."

Em Pemba, a capital de Cabo Delgado, a Organização pré-posicionou medicamentos e consumíveis essenciais para intervenções imediatas de saúde. A partir desta reserva, a OMS doou 4 toneladas de consumíveis e equipamentos médicos, incluindo tendas, medicamentos e kits para a cólera, que podem tratar 60 casos leves e 40 casos graves em Mecúfi.
Para os residentes, a recuperação será lenta e dolorosa, pois a memória do ciclone persiste e a sua devastação é uma lembrança diária. "Eu fiquei muito assustado", diz Nicolauson Zaet, um técnico de farmácia do Centro de Saúde de Natuco, em Cabo Delgado. "Pensei que não ia conseguir sobreviver porque não estava dentro de casa. Estava do lado de fora, a ver chapas de metal a voarem de um lado para o outro e fiquei com medo de que pudessem atingir-me directamente."

Felizmente, o Sr. Zaet sobreviveu, embora agora não saiba o que o futuro reserva. "O ciclone destruiu tudo o que tinha conseguido alcançar; o ciclone levou tudo," afirma. "O meu sonho agora é conseguir voltar à minha vida normal."
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